Bom pra cachorro: mesmo em meio à pandeia, mercado pet segue em expansão

06/04/2021
Dominado pelas pequenas empresas, setor se beneficia da relação mais intensa com os bichos na quarentena


De carinha peluda, expressão sapeca e olhos castanhos esverdeados, o pequeno Bingo chegou há um mês à casa da Servidora Pública, Jacqueline Rabelo, 42, trazendo alegria e ressignificando afetos. Denominado como o novo caçulinha da família, o pet veio preencher, em grande estilo, a falta de encontros na nova rotina imposta pela pandemia: “A ansiedade e o medo cresceram aqui em casa com tantas notícias ruins, com o cenário do mundo e com pessoas próximas adoecendo. Fiquei preocupada também com que tipo de lembranças minhas filhas terão desse período”.

Sem poder ver os amigos, ir à escola ou ao parque, Bingo chegou como o terceiro craque no time das filhas da Jacqueline, Ísis (6) e Diana (3), que pra muito além das brincadeiras, aprendem todo dia pequenas lições de vida: “Ensino as meninas a respeitarem o tempo e o espaço dele. Respeitar os momentos em que precisa descansar e observar quando ele está disposto a brincar. A não ficar o tempo todo com ele nos braços, se ele não quiser. Tenho falado muito de respeito e todos estamos aprendendo. Ele adora atenção e carinho. Brincam de pega-pega, dividem brinquedos. E participam dos cuidados, me ajudando a colocar a ração e a enxugá-lo quando dou banho”, exemplifica Jacqueline.

Só de gastos iniciais com o pet, Jacqueline desembolsou cerca de R$500, movimentando um mercado que só cresce no país e que hoje, já representa cerca de 0,36% do PIB brasileiro à frente dos setores de utilidades domésticas e automação industrial, segundo dados da AbinPET (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação). E pelo jeito, o isolamento social só ajudou o setor a crescer ainda mais em todas as categorias, tanto que, de acordo com o levantamento da Euromonitor International, desde o ano passado, o país se tornou o segundo maior mercado de produtos pets, com 6,4% de participação global, ficando pela primeira vez acima do Reino Unido, perdendo apenas para os Estados Unidos, que abocanha a maior fatia, 50%.

O empreendedor Raul Aragão Matos, 27, há oito anos entrou para o seguimento. Sócio do sogro, que já tinha uma distribuidora de ração para cães e gatos com mais de vinte anos no mercado, ele viu no setor uma grande possibilidade de crescimento. Entrou em sociedade com o pai da esposa, que já tinha duas lojas físicas, mas apostava mesmo era na distribuidora. Com o tempo, comprou a parte do sogro no negócio e investiu no espaço físico, nascia assim a BisPet. Foi quando percebeu, há cerca de 3 anos atrás, uma nova tendência de mercado a partir da necessidade do cliente: “eu via que o cliente também queria ter uma grande vantagem de receber o produto em casa e foi assim que a gente passou a investir pesado no delivery”, conta já antecipando a tendência que se consolidaria com a chegada da pandemia. “Começamos a ter um crescimento de clientes muito grande, que eu não tinha, comecei a pegar clientes que não vinham até o centro pra comprar, comecei a ter outras plataformas digitais e comecei a trabalhar em cima disso daí, e foi aí aonde meu ritmo de crescimento foi ficando cada vez maior, mês a mês a gente dobrava o faturamento”, revela o empreendedor, que em novembro do ano passado abriu sua terceira loja, já em ritmo acelerado de delivery.

Segundo dados do IPB (Instituto Pet Brasil), o E-commerce Pet faturou cerca de R$1,6 Bilhões em 2020 (Base dados do 1º Semestre). Entre esses canais destaca-se o e-commerce especializado, lojas exclusivamente on-line que oferecem produtos e serviços pet para o consumidor final e os Pet Shops de pequeno e médio porte. Para o consultor especialista em varejo, Randal Mesquita, o exemplo da BisPet ilustra bem uma das principais vantagens competitivas das pequenas e médias empresas: “rapidez e flexibilidade nas decisões operacionais, pois rapidamente adaptou sua operação para o modelo delivery, investindo em tecnologia e inteligência de mercado”. Mas se a ação vier com uma dose de estratégia, os resultados podem e devem ser potencializados. O consultor explica, que o principal método na BisPet foi analisar os indicadores do delivery dia após dia para ajustes dos detalhes: Acompanhamos a performance por pedido e por motoqueiros, rapidamente decidimos centralizar o centro de controle do delivery em uma unidade onde pudéssemos ter uma gestão exata do estoque disponível e passamos a calibrar as compras orientadas pela curva ABC de vendas”, revela. Ainda segundo o especialista, tudo isso só foi possível com organização e disciplina orientadas pela consultoria e sem esquecer de uma boa dose de resiliência comum a todo empreendedor.

Sempre de olho nas tendências do varejo, ele explica que o setor cresceu potencializado por uma lacuna emocional provocada pelo isolamento social, que fez com que o brasileiro recorresse a companhia de um pet já que está impossibilitado de socializar com familiares e amigos, o que fez com que o número de adoção de pets crescesse 3 vezes, em 2020. Segundo a Euromonitor International, esse crescimento do mercado pet, ao que tudo indica, deve continuar, alcançando 42,7% até 2025, com faturamento médio de R$35 bilhões.


Como investir no Setor, por Randal Mesquita (consultor especialista em Varejo):


1)Resolva um problema real do seu cliente: ocupe uma posição de destaque na lista de prioridades do seu cliente e jamais será esquecido por ele;

2)Reforce os protocolos de higiene e segurança: afinal mesmo com fluxo reduzido pelos decretos de isolamento social existem clientes que preferem ir ao PDV, além disso é preciso reforçar mais ainda o equipamento de segurança dos entregadores que estarão frente e frente com o cliente. Máscaras e álcool gel sem moderação;

3)Organize o estoque: uma rotina de inventário permanente trará mais segurança para o comercial vender com eficiência ;

4)Fomente a cultura multicanal (ominichannel) entre os colaboradores: a equipe precisa entender e estar bem alinhada caso o cliente escolha por transitar entre o canal físico (PDV) e o digital (Online);

5)Ofereça uma ótima experiência ao cliente: independente do canal (físico ou digital) o cliente precisa sentir-se confortável e seguro para consumir;

6)Invista em ferramentas de marketing digital: será sempre necessário medir alcance e eficiência das estratégias comerciais e as ferramentas de mkt digital lhe mostrarão isso;

7)Alinhe estratégicas com os principais fornecedores: afinal ninguém faz nada sozinho, muitos fornecedores estão prontos para apoiar varejistas com ações bem organizadas;

8)Analise os principais dados da sua operação: seja sozinho ou com ajuda de especialistas (consultorias) eleja os indicadores chave da sua operação e os acompanhe muito de perto para que suas decisões sejam apoiadas neles.


Fonte: https://www.opovo.com.br/noticias/especialpublicitario/empreender/2021/04/06/bom-pra-cachorro--mesmo-em-meio-a-pandeia--mercado-pet-segue-em-expansao.html